Horário de verão pode voltar? Entenda como ele funciona e por que foi extinto

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu uma enquete no Twitter para consultar a população sobre um eventual retorno do horário de verão, extinto no Brasil desde 2019. Apesar da maioria dos votos favoráveis na rede social, a medida não é unanimidade entre os brasileiros.

Enquanto muitos defendem o horário de verão por proporcionar mais luz solar durante o dia, outros citam os impactos na rotina e no sono como os pontos negativos do período. Especialistas também divergem sobre a economia de energia elétrica durante o horário de verão, o principal motivo para a sua adoção no país.

Por que não tem mais horário de verão no Brasil?

Em seu primeiro ano de mandato, o presidente Jair Bolsonaro (PL) extinguiu o horário de verão. Na época, o MME justificou que o fim da medida pelas mudanças no hábito de consumo de energia da população, que deslocou o maior consumo diário do período da noite para o da tarde.

“O horário de verão deixou de produzir os resultados para os quais essa política pública foi formulada, perdendo sua razão de ser aplicado sob o ponto de vista do setor elétrico”, explicou a pasta.

A medida foi revogada com base em estudos solicitados pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) sobre os impactos dela no país. Nos anos seguintes, o governo federal continuou estudando as mudanças no setor elétrico com o fim do horário de verão.

No início de outubro, o Operador Nacional do Sistema Elétrico avaliou que o retorno do horário de verão em 2022 não traria benefícios para a operação do Sistema Interligado Nacional. A decisão final cabe ao governo federal.

A sociedade pode opinar sobre a volta do horário de verão?

Lula fez uma enquete informal nas redes sociais, mas pesquisas de opinião pública a respeito do horário de verão foram realizadas ao longo dos anos no país.

No entanto, o MME afirma que a “formulação, o monitoramento e a avaliação de impactos desta política pública também foram baseadas em critérios técnicos advindos da política energética, que diziam respeito à economia de energia e aos investimentos evitados pela redução de demanda na ponta”.

Por isso, a suspensão do horário de verão não foi baseada apenas na opinião da sociedade, mas considerando a avaliação técnica sobre as economias reais da medida. Porém, o setor elétrico não é o único afetado: o turismo e o comércio, em especial bares e restaurantes, sentiram os impactos do fim do horário de verão após a queda de faturamento durante a pandemia.

A medida não deve ser reestabelecida sem novos estudos que contemplem seus benefícios econômicos e sociais para o país.

O que é o horário de verão?

No Brasil, o horário de verão foi instituído pela primeira vez em 1932, pelo então presidente Getúlio Vargas. Apesar de ter sua origem desconhecida, a medida já tinha sido adotada por alguns outros países europeus com o objetivo de economizar energia depois da Primeira Guerra Mundial.

Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), o horário de verão serve para um melhor aproveitamento da luz natural em relação à artificial entre os meses de outubro e fevereiro em 10 estados brasileiros e o Distrito Federal. Estados do Norte e Nordeste não adotavam a prática por estarem mais próximos à Linha do Equador e, com isso, terem dias mais curtos do que as demais regiões durante o verão.

No horário de verão, os relógios eram adiantados em uma hora para reduzir a concentração de consumo entre as 18 e 21 horas. Isso levava a um menor carregamento de energia nas linhas de transmissão, subestações e sistemas de distribuição, reduzindo o risco de sobrecarga em uma época do ano de maior consumo de aparelhos eletrônicos que gastam muito, como ares-condicionados, por exemplo.

Fonte: Band.