Entenda por que Tite não deixa jogadores da Seleção usarem caneleiras às vésperas da Copa

Daniel Alves com dois carrinhos em Pedro e Raphinha. Neymar na dividida com Alex Telles. Bruno Guimarães com Fabinho. Alex Sandro contra Eder Militão. As divididas mais duras são comuns para quem observa alguns minutos dos treinamentos da Seleção e viraram assunto neste início de preparação para a Copa do Mundo.

O que para muita gente passa despercebido é que o treinador mantém padrão que trouxe de experiência há tempos em clube. O grupo de jogadores treina sem caneleira, uma prática que pode ser estranha para quem vê, mas que já é comum nos treinos de Tite desde 2015.

A ideia surgiu quando o treinador ainda comandava o Corinthians. Para evitar chegadas por cima nas divididas, preocupado com o número de cartões da equipe no início da temporada de 2015, o técnico propôs todos treinarem sem caneleiras.

– O bicho pega no treino (risos). Mas é tudo 100% leal. Desde a época de Corinthians, na Europa treinamos assim também, isso te dá consciência de ser leal, de não dar o bote quando está atrasado, ajuda bastante, por isso treinamos sem caneleira e proteção – relatou o zagueiro Marquinhos.

A atitude de Tite lá em 2015 deu certo: o Corinthians venceu o prêmio de Fair Play, por ser o time com menos cartões no campeonato. E na Seleção, o zagueiro argumenta que embora os que não acompanhem o dia a dia se impressionem com algumas jogadas, a atividade é marcada pela lealdade e intensidade entre os companheiros.

– Nos treinos sempre procuramos fazer o nosso máximo. Todos que chegam aqui querem mostrar trabalho, que estão bem, e a intensidade dos treinos é muito grande. Temos dois times de excelentes jogadores, no top de suas carreiras, isso ajuda na intensidade do treinamento. Claro, sempre devendo as precauções de não chegar atrasado. Mas a lealdade e intensidade não temos que diminuir. O treino prepara para o jogo, e é assim que temos que treinar.

Em 2018, em uma campanha publicitária, Tite revelou que preza pela competição forte contra os adversários, mas sempre com lealdade:

– Vai dividir forte, eu exijo, mas vai ser leal. Por conta de expulsões que tiveram, eu pedi para que todos tirassem as caneleiras. Você tem que ter esse respeito com o adversário, quero ver fazer com o colega. Não sabia o que a decisão ia gerar, mas no dia seguinte vi a lealdade que esse gesto gerou. Compete forte, leal, mas na bola.

Na Copa do Mundo de 2018, a atitude de Tite com a Seleção gerou repercussão na imprensa internacional. O Diário Olé, da Argentina, ressaltou que os jogadores “têm canelas livres”.

Nos números de Tite pela Seleção, são 120 cartões amarelos em 76 partidas, uma média de 1,5 cartão por partida. No entanto, algo que chama a atenção é o baixo número de cartões vermelhos: foram apenas três nesses seis anos: dois para Gabriel Jesus e uma para Emerson Royal.
Fonte: G1